Educação e diversidade Cultural
Janaina Rochet e Ana Pires do Prado
A recente legislação brasileira para a educação básica e superior ressalta a importância de escolas e universidades como um espaço sociocultural e institucional responsável pelo trato pedagógico do conhecimento e da cultura. Nesse sentido, é chamada a lidar com a pluralidade, reconhecer os diferentes sujeitos sociocultural presentes em seu contexto, abrir espaços para a manifestação e valorização das diferenças. Na educação básica constatamos essa preocupação com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e seus temas transversais, em que a pluralidade cultural aparece como central. Já na educação superior, juntamente com a autonomia acadêmica e a avaliação institucional, encontramos a postura que privilegia a inserção de currículos interdisciplinares para ampliar as competências, habilidades e formação cultural dos estudantes. A função social e política da educação escolar se realizam por meio de processos formativos e informativos, que em teoria são capazes de contribuir, de maneira substantiva, para modificar o imaginário e as representações coletivas negativas sobre as diferenças. Embora não possa resolver sozinha todos os desafios relacionados ao reconhecimento e à promoção da diversidade cultural, a escola ocupa um lugar privilegiado nas discussões sobre este tema, pois possui a vantagem de ser uma das instituições sociais em que se encontram as diversas presenças, crenças, culturas e valores. Na prática constatamos que as instituições educacionais são espaços vivos de diversidade: meninos e meninas, homens e mulheres, brancos e negros, pobres e ricos. No entanto, devemos ser conscientes que a existência da diversidade não é isenta de conflitos, tensões e resistências. Como bem sabemos a distribuição do conhecimento muitas vezes não é igualitária. Pelo contrário: há diversidade de valores, práticas e crenças, mas se valoriza e se ensina a hegemônica. Para Moreira e Candau (2005), as instituições de ensino sempre tiveram dificuldade em lidar com a pluralidade e a diferença, tendendo a homogeneização e padronização. A inserção de currículos e práticas multiculturais na educação não é tão simples. O currículo faz parte de uma política cultural, depende da seleção de um grupo e sua visão a respeito de um conhecimento que se considera legítimo.
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